domingo, 10 de abril de 2011

@ Taberna 2780

http://www.2780taberna.com/

Há já algum tempo que oiço comentários acerca desta taberna, oiço de tudo um pouco, uns que gostam outros que não, outros ainda que se queixam que nunca arranjam mesa, outros que não estando informados não apreciam a ideia de verem o seu jantar escolhido pelo Chef.
Decidi por um ponto final nisto tudo, motivada pela informação francamente desfavorável que recebi acerca de um restaurante onde ontem supostamente deveria ter ido jantar, assim sendo, decidi que seria o dia ideal para tirar a limpo esta história da taberna com menus de degustação.

A minha irmã e uma das minhas camaradas de novas descobertas gastronómicas vive nas imediações do restaurante, pelo que tive o privilégio de ir a pé. A noite estava quente e o ambiente calmo, após 5 minutos a andar a pé encontramos com facilidade a pequena porta que dá acesso à Taberna 2780.
Comecemos já por desconstruir o mito de que nunca ninguém atende o telefone e que nunca se consegue fazer uma reserva. Liguei (conforme instruções do site) a seguir às 15h, mais precisamente ás 15h30. Pedi para reservar uma mesa para 2 pessoas às 20h15.
Assim que se entra, a primeira constatação é de que a sala é pequena, mas à medida que o jantar prossegue e nos ambientamos ao espaço, começa-se a sentir que a dimensão da sala é a ideal para o conceito.
O taberneiro que nos recebeu perguntou-nos se era a primeira vez que os visitávamos, ao respondermos que sim ele explicou que o menu muda de 15 em 15 dias e que o menu de degustação de 5 pratos que íamos experimentar hoje estava há 2 dias na carta.
A mesas (antigas) são de madeira, algumas com tampo de ardósia outras com tampos de mármore, as paredes são brancas, numa delas está a carta de vinhos a copo em ardósia em toda a sua altura, as paredes opostas estão decoradas com garrafas (simples mas elegante.... ocorre-me a palavra tasteful).

Passemos então ao que interessa:
Entradas
Sopa fria de pêra abacate e laranja, com ceviche de garoupa e bolacha de caril.
Terrine de enchidos enrolada em presunto, acompanhado de crumble de bruschetta e favas salteadas.

Achei a sopa refrescante, os sabores ligam estranha e surpreendentemente bem. O ceviche estava confeccionado de forma perfeita e a bolacha de caril complementa muito bem a pêra abacate e a laranja.
Devo dizer que a minha colega de degustação achou a sopa boa, não se entregando a tantos elogios quanto eu.
A terrine estava simplesmente fantástica, as favas e o crumble de bruschetta pareciam o par perfeito da terrine, como se fosse inquestionável a sua presença.

Pratos (Peixe e carne)
Lombos de peixe-espada acompanhado de puré de batata e maracujá e molho de marisco.
Arroz de pato com magret de pato salteado com molho de laranja

Os lombos de peixe cozinhados na perfeição e boa ligação com o molho de marisco. Quanto ao puré houve consenso, achámos que era demasiado doce, de referir que entre o peixe e o puré havia uma fatia de banana frita, pena. Foi pena por dois motivos, um passível de ser controlado pelo Chef o outro nem por isso. Primeiro o incontrolável.
O palato daquela que vos escreve e da sua irmã caçula cai mais para o amargo que para o doce, logo aí há um estímulo sensorial indesejado. Quanto à minha sugestão ao Chef, partindo do princípio que muitos dos seus clientes não terão este handicap do doce, creio que o prato ficará mais elegante se erradicarem aquela fatia de banana que tão habilmente se encontra escondida entre o peixe e o puré.
Quanto ao arroz de pato, mais parecia um risotto. Um risotto perfeito de textura (apesar do grão não ser risotto), de sabor, de equilíbrio e de quantidade. O magret estava também cozinhado na perfeição, a auréola rosa pálida na carne estava lá para o comprovar. O molho de laranja, que é coisa que não costumo apreciar, ligava discreta mas eficazmente com os dois elementos. Muito bom.

Sobremesa
Já não sei bem a descrição da sobremesa, mas sei que levava gelado de nata, pistáchio e morangos.
Curiosamente com o passar do tempo a memória relativa à sobremesa tem tendência a desvanecer-se, até porque, achamos que depois de 4 pratos tão bons pedia-se uma experiência mais audaz na sobremesa. No entanto, não se pense que a que foi servida foi má, não foi, apenas se elevaram as expectativas a um patamar a que a sobremesa não correspondeu. Mas aqui entre nós, este mal até parece bem!

Vinho
Foi-me dado o leme da embarcação, e eu sendo eu quero experimentar coisas novas, e de preferência ficar satisfeita com as escolhas. Ora bem, se gostam de vinhos encorpados e amadeirados, peçam o Raya 07. Muito bom e o preço é aceitável, €16. Produzido por um antigo professor de um dos taberneiros, região das Beiras.

Se acham que um prato só é bonito quando está cheio, passem à frente da porta mas não entrem, se são do género conservador que acham que fruta é para depois da refeição, também não aconselho. A todos os outros que gostam de comer à descoberta e beber bom vinho enquanto o fazem, aqui fica a minha recomendação.

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