sábado, 21 de maio de 2011

Para grandes fomes, grandes remédios


Há uma nova Pharmacia para os lados do Adamastor. Serve petiscos e cocktails, num ambiente muito medicinal, conta Mariana Correia de Barros.


Se nos próximos tempos ouvir alguém dizer “vou ali picar qualquer coisa à farmácia”, não se assuste. Essa pessoa não está em perigo de vida (à partida, claro). Nem anda a equacionar um cocktail de Ben-u-ron, com Valdispert e Brufen. Estará com certeza a falar do novo restaurante de Santa Catarina: a Pharmacia. Um espaço com a assinatura da Taberna e da Petiscaria Ideal (ambos em Santos), que abriu há duas semanas, no edifício da Associação Nacional das Farmácias.
A mistura, que parece não jogar, acaba por resultar. Especialmente na decoração, já que as donas Tânia Martins e Susana Felicidade decidiram mergulhar nos restos da colecção do Museu da Pharmacia. “Arranjámos frascos antigos, balanças, microscópios”, conta Tânia. Depois foram à loja do movimento Emaús, em Caneças, de onde trouxeram armários típicos, mesas de laboratório e cadeiras antigas. Só assim conseguiram criar um cenário com estilo, num spot que ajuda muito: está virado para o Tejo, com direito a esplanada e tudo (em vias de ser aumentada).
 
“Não andávamos à procura de abrir mais um restaurante. Mas soubemos do concurso e decidimos participar.” Ganharam a concessão em Dezembro e em quatro meses, fizeram um extreme makeover ao extinto A Ver Navios. Do antigo restaurante, aliás, resta... o chão. À semelhança do que fazem nos outros dois espaços, a carta é quase toda composta por petiscos. Ainda com uma vertente portuguesa, “mas mais elaborada”, garantem. E por isso um pouco mais cara, acrescentamos nós.
 
Arrancam a lista com as já famosas tibornas, todas elas inovações da cozinheira Susana. Há de novilho com cogumelos e tomilho (8,90€) ou de bacalhau assado com compota de pimento (6,90€). Entre os pratos que tiveram mais sucesso nestas primeiras semanas, estão especialidades como o arroz de lingueirão, a salada russa de lavagante e o à-brás de camarão. Pode prová-los ao almoço, ao lanche e ao jantar, com uma ressalva: a carta ao jantar só funciona na parte de fora. A partir das oito da noite, dentro da Pharmacia serve-se em exclusivo um menu surpresa (a 28€ sem bebidas). Ninguém o vai envenenar, apesar de saber aquilo que o espera apenas no momento em que pega nos talheres. Só nos confessaram que pode contar com um shot de sopa, três ou quatro petiscos, um prato de carne, um de peixe e sobremesa. “É tipo slow food. Para ir degustando com calma.”
 
E enquanto indoor se entrega aos cuidados dos farmacêuticos (na verdade são empregados de mesa, mas com bata), cá fora partilham-se as doses, com acompanhamento de copos de vinho. “Só há uma garrafa repetida da Taberna Ideal.” Até nos frapés, vai notar os toques do tema do restaurante. Mas também pode usar esta Pharmacia só como bar. Tanto para provar a limonada da casa, como um cocktail, imaginado pelo mestre da cidade no assunto: Dave Palethorpe, do Cinco Lounge. “Aí sim, puxámos ao português e temos bebidas com vinho do Porto tinto e com Moscatel, por exemplo.”
 
A receita está passada, resta saber quando é que lhe vai dar uso. Olhe que vale a pena.
Rua Marechal Saldanha, 1 (Santa Catarina). 21 346 2146. Ter-Dom 13.00-01.00

By Mariana Correia de Barros

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